GASTÃO PENALVA
( Rio de Janeiro – RJ –Brasil — 1887 - )
Militar e escritor brasileiro, nascido no Rio de Janeiro, em 1887, e na mesma cidade falecido, em 1944, Sebastião Fernandes de Sousa, mais conhecido pelo pseudônimo de Gastão Penalva, “herdou” do pai, o farmacêutico Ernesto de Sousa, a amizade de Ernesto Nazareth, cultivando-a até a morte do compositor.
Avô da atriz e também escritora Maria Lúcia Dahl, a quem entrevistei no dia 29 de julho de 2001, Penalva, que hoje é lembrado mais pela movimentada rua da Tijuca que leva o seu nome do que por sua obra, teve um fato interessantíssimo ocorrido com ele em Paris, reproduzido em artigo de Brasílio Itiberê. Ei-lo:
(...) Certa vez, por volta de 1910, durante a sua viagem de circunavegação no “Benjamin Constant”, Penalva e outros guardas-marinhas escaparam de Toulon para Paris, na ânsia de pisar a terra firme dos “boulevards”. Chegaram tarde e para os moços, àquela hora da noite, um repouso não seria nada aconselhável. Resolveram, pois, afundar a sua virtude num cabaret chamado Olímpia, que era o mais famoso da época.
O Olímpia estava duma tristeza oceânica. No ambiente convencional, os “Cris d’admiration” não conseguiam animar aquelas almas “blasées”. E uma orquestra de ciganos arrastava no ar gosmoso os espasmos do “Danúbio Azul”.
Súbito, Penalva descobre a um canto uma crioula autêntica da Martinica, bocejando o seu tédio da civilização, como uma onça enjaulada. E uma nostalgia da alma brasileira, do “chôro”, das serestas ao luar, invadiu-lhe a alma de moço. Pediu licença ao chefe da orquestra, abancou ao piano e começou a tocar de mansinho o “Brejeiro” de Nazareth.
A um apêlo ancestral, a crioula, que estivera em Manaus no tempo da borracha, saltou no meio da sala e começou a dançar alucinadamente.
A princípio, o exótico estonteou aquela gente pacífica. Mas aos poucos o ritmo insistente foi produzindo o seu efeito - martelando, se infiltrando no sangue, lubrificando o sexto sentido, transmitindo aos músculos locomotores um desejo vivo de contorções sincopadas... Por um milagre do ritmo aquela fauna internacional se transformava, de súbito, numa “roda de samba”.
O guarda-marinha Gastão Penalva, maravilhoso intérprete de Nazareth, ficou firme ao piano, recebendo aplausos delirantes. E a orquestra de ciganos não tocou mais naquela noite... (...)
Brasílio Itiberê
Extraído de www.ernestonazareth150anos.com.br
HADAD, Jamil Almansur, org. História poética do Brasil. Seleção e introdução de Jamil Almansur Hadad. Linóleos de Livrio Abramo, Manuel Martins e Claudio Abramo. São Paulo: Editorial Letras Brasileiras Ltda, 1943. 443 p. ilus. p&b “História do Brasil narrada pelos poetas.
HISTORIA DO BRASIL – POEMAS
GUERRA CISPLATINA
ORAÇÃO À MARINHA
Vejo-te mais, Marinha Brasileira,
Enquanto, ao largo inquebrantável passas,
A defender as cores da Bandeira
E a navegar num pélago de graças.
Na Cisplatina. O império se abalança,
Pelo, da guerra, altíssimo halali.
Ao sul, impávido, o inimigo avança
Nos prélios de Rincón e Sarangi.
Prosseguem de roldão, Ortiz, Corales,
E mais Montevideu, Santa Luzia.
Sacramento — um crisol de acerbos males.
Um vulcão sobre o mar — Martín García.
Ao lábaro de estrelas de ouro e jade,
Vão desfilando, em límpida derrota,
Uma esteira de mágoa e de saudade,
As valerosas naus da nossa frota.
São elas: “Conceição”, “Conde dos Arcos”,
“Leal Paulistana”, o intrépido “Cacique”,
“Dona Paula”, taful, a flor dos barcos.
“Araçatuba”, de valor um dique.
Toda essa grei que pelas nossa matas
Tivera berço e inaugural destino,
E hoje se ostenta, insigne de bravatas,
Nas telas imortais de De Martino.
(In ANTOLOGIA PATRIÓTICA -
Afonso de Carvalho – Livraria José Olímpio)
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Página publicada em outubro de 2021
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